DOS MIGRANTES AOS TERRITÓRIOS NO RIO DE JANEIRO

Acervos da Literatura de Cordel e seu Processo de Conservação Virtual

Resumo

A proposta de estudar a Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC nasceu junto à demanda de tornar virtual o seu acervo. Essa questão ocorreu a partir da necessidade de fomentar políticas e ações que pudessem abraçar a cultura popular, traçando possibilidades e desafios que corroborassem medidas preservacionistas do cordel, especialmente a partir de seu registro, ocorrido em 19 de setembro de 2018, reconhecendo-o como Patrimônio Cultural Brasileiro. A partir do projeto de digitalização do acervo da ABLC, contemplando não apenas o âmbito material, mas a ideia da necessária atenção ao “espírito do lugar”, ou aos valores agregados em termos identitários, simbólicos, perceptivos e imagéticos, acabou sendo ímpar a necessidade de manter a memória física e intangível desse saber, tentando com isso ações efetivas ante a deterioração física do acervo em papel. Como metodologia, optou-se pela pesquisa bibliográfica de caráter exploratório e pela descrição da experiência, com vistas a uma análise qualitativa. A ideia tangencia as relações estabelecidas no território cultural da ABLC a partir dos processos migratórios, condensando, além desses aspectos que ressonam as formações territoriais na cidade do Rio de Janeiro, um fio condutor de referências à construção de espaços voltados para a cultura nordestina. Assim, este artigo busca trazer a experiência do projeto de digitalização da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro enquanto necessidade de se manter viva essa memória, haja vista sua representatividade do popular, do rural, do diálogo e da informação compartilhada pelo antigo cordel, que acabou se transformando numa imagem memorial que liga o passado ao presente, e a possibilidade de o cordel ter futuro na história da literatura do país, não apenas por seu registro, mas por sua continuidade no tempo e no espaço.