AGRIPINA MENOR EM SUETÔNIO:
O OLHAR MASCULINO SOBRE O PROTAGONISMO FEMININO
DOI:
https://doi.org/10.18223/hiscult.v11i1.3557Resumo
No campo da historiografia quando possuímos representações sobre as mulheres, essas são criadas, na maioria das vezes, pelo gênero oposto, o masculino. Suetônio - em sua obra “A Vida dos Doze Césares”, composta no ano 121 d.C., durante o governo do imperador Adriano - ao descrever Agripina Menor, deixa claro o peso do aspecto simbólico que a dominação masculina carrega ao questionar a moral de uma mulher que exerceu papéis considerados masculinos dentro da política. Para compreender essa relação de dominação masculina sobre o feminino - construída histórica, cultural e linguisticamente – é preciso definir a submissão imposta às mulheres como uma violência simbólica. O presente artigo busca compreender a atuação feminina na política no período da dinastia Júlio-Claudiana, a partir da problematização da relação entre o feminino e o masculino. Mais especificamente, é através da análise de episódios da obra de Suetônio e outros autores antigos - como a escolha de Agripina como esposa do imperador Cláudio, a morte deste, sua sucessão e a morte de Agripina Menor - que podemos trazer à tona a forma como o olhar masculino, muitas vezes, desumaniza, desconsidera e deslegitima o papel da mulher na História.