ENTRE MALDITOS E MARGINAIS: UM DEBATE SOBRE MOVIMENTOS ARTÍSTICOS BRASILEIROS (1960-1970)
DOI:
https://doi.org/10.18223/hiscult.v10i1.3377Resumo
O trabalho tem como objetivo distinguir o modo pelo qual as categorias de “maldito” e de “marginal” são abordadas pela produção acadêmica que enfoca músicos e a música popular brasileira das décadas de 1960 e 1970, ponderando a perspectiva dos atores e das instituições sociais, bem como as relações de grupos artísticos com a política, a indústria cultural e a crítica de arte atuantes no mundo artístico-intelectual brasileiro do período. A pesquisa propõe-se a fazer uma revisão sistemática da produção acadêmica sobre o tema e período aqui estudados. Esboça-se a hipótese de que as categorias de “maldito” e “marginal” não são sinônimas, nem tanto por seu caráter semântico, mas por sua dimensão sociológica: a primeira é assumida pelos próprios artistas como categoria de identidade, enquanto a segunda surge de uma imposição externa de rotulação operada pela indústria fonográfica, pelo Estado autoritário e/ou pela crítica de arte.Referências
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