RIBEIRINHOS DO MAÚBA: VIDA SOCIAL E AMBIENTE NA AMAZÔNIA PARAENSE

Autores

  • Leonne Bruno Domingues Alves Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia do Pará
  • Voyner Ravena Cañete Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Carmem Izabel Rodrigues Universidade Federal do Pará (UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.18223/hiscult.v9i2.3017

Resumo

Repleta de recursos naturais e grupos sociais complexos, a Amazônia possui uma identidade heterogênea e, ao mesmo tempo, singular. Marcada por processos socioeconômicos e culturais exógenos e endógenos à região, seus grupos sociais reproduzem-se a partir de uma relação sui generis com o meio material e social. Entre estes grupos encontram-se os ribeirinhos, grupos sociais haliêuticos cujo modo de vida assenta-se no tripé rio-casa-mato. Tais grupos, com suas bricolagens e hibridismos, vivem entre a tradição e a modernidade, tendo recebido, ao longo da história, diversos nomes como tapuios, caboclos, ribeirinhos, populações tradicionais, dentre outros. Este artigo chama atenção, a partir de um caso etnográfico – dos habitantes das margens do Igarapé Acaputeua, afluente do Rio Maúba, em Igarapé-Miri –, para essa categoria social da Amazônia paraense que, ao mesmo tempo em que não se confunde com outras categorias como a dos camponeses, apresenta relações sociais tão complexas quanto estas.

Biografia do Autor

Leonne Bruno Domingues Alves, Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia do Pará

Mestre em Sociologia e Antropologia - Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor de Sociologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará.

Voyner Ravena Cañete, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA). Professora do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (UFPA) e do Programa de Pós-graduação em Ecologia Aquática e Pesca (UFPA)

Carmem Izabel Rodrigues, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA)

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Publicado

2020-12-04