QUAIS FATORES EMBASAM AS PRÁTICAS DOCENTES: CRENÇAS, CONHECIMENTOS, REPRESENTAÇÕES OU SABERES? A CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE IDEIA DOCENTE SOBRE EDUCAÇÃO

Autores

  • Maria Socorro Gonçalves Torquato Ceunir-Centro Universitário de Investigação sobre Inovação, Reforma e Mudança educacional que integra o Diretório de grupos de Pesquisa do CNPq. Faep-Faculdade de Educação Paulistana, departamento de educação http://orcid.org/0000-0002-2046-9944

DOI:

https://doi.org/10.5016/camine.v10i2.2666

Palavras-chave:

Prática docente, Ideias docentes, Conhecimento docente, Crença docente.

Resumo

O objetivo do presente artigo é identificar as principais abordagens da literatura sobre o tema da epistemologia da prática docente com o intuito de construir a noção de ideia docente sobre educação. O texto é oriundo da pesquisa de tese de doutorado, que procurou responder ao seguinte problema de pesquisa: qual a importância das ideias de docentes sobre educação em sua adesão a reformas educacionais? É realizada uma sistematização de um conjunto de textos nacionais e estrangeiros, como por exemplo: Shulman (1986; 1987;2014); Gauthier et al (1998); Tardif (2001;2002;2005); Penin (1993;1995;2009;2011) e Pimenta (2002;2005). Alguns indicam o saber, outros, a crença; há, também, os que apontam o conhecimento; e outros, ainda, as representações como sendo as responsáveis pela prática docente. Ademais, existem aqueles que utilizam esses conceitos como sinônimos. Chega-se à conclusão de que o mais adequado seria denominar como ideias docentes a força motriz das práticas educativas.

Biografia do Autor

Maria Socorro Gonçalves Torquato, Ceunir-Centro Universitário de Investigação sobre Inovação, Reforma e Mudança educacional que integra o Diretório de grupos de Pesquisa do CNPq. Faep-Faculdade de Educação Paulistana, departamento de educação

Possui graduação em Ciências Sociais e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1990), graduação em Licenciatura em História pela Fundação
Thereza Martin (1996), mestrado em Sociologia (2002) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2015). Professora há 29 anos, durante 10 anos atuou no
ensino básico privado e público e os demais no ensino superior privado e público. Atuou em 2017 como professora substituta na UFSCar (Universidade Federal de São
Carlos). Atualmente é professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia Paulistana (Facitesp) e mediadora da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Sociologia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão democrática, resistência docente, reformas
educacionais e prática docente . Membro dos grupos de pesquisa: Conflitos armados, massacres e genocídios na era contemporânea da Unifesp, atuando na linha de
pesquisa “Educação, direitos humanos e genocídio” e do Ceunir - Centro Universitário de Investigações,Reforma e Mudanças Educacionais da USP -, atuando na linha de
pesquisa "Educação e Direitos Humanos.

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Publicado

2019-05-16

Edição

Seção

Artigos de Atualização e Divulgação